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Cobrança indevida de clube para sócio remido: o que fazer para se defender?

  • Arthur Lage
  • 7 de abr.
  • 3 min de leitura

Muitos associados de clubes recreativos estão enfrentando uma situação preocupante: a cobrança indevida de clube para sócio remido, mesmo após anos de isenção contratual garantida.


Isso tem gerado insegurança jurídica e questionamentos importantes, principalmente por parte dos chamados sócios remidos vitalícios, que, em muitos casos, possuem cláusulas contratuais e estatutárias garantindo isenção de pagamentos periódicos.


Neste artigo, explicamos o que significa ser sócio remido, quais são os direitos envolvidos e como proceder caso você esteja enfrentando cobranças que considera indevidas.


clube recreativo

O que é um sócio remido?


O sócio remido é aquele que, ao adquirir sua cota junto a um clube, obteve o direito de usufruir das instalações sem a obrigação de pagar mensalidades ou taxas de manutenção.


Em geral, esse benefício é assegurado por cláusulas contratuais e por estatutos sociais registrados à época da aquisição da cota. Em muitos casos, os documentos deixam claro que as despesas seriam arcadas apenas por sócios ativos, titulares ou não remidos.


Direito adquirido e proteção legal


O ordenamento jurídico brasileiro protege o chamado direito adquirido. Isso significa que, uma vez garantido um benefício em contrato ou estatuto anterior, ele não pode ser retirado de forma retroativa, mesmo que o clube altere seus documentos internos posteriormente.


A base legal para isso está:


  • No artigo 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal;

  • No artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB).


Assim, eventuais alterações estatutárias posteriores não podem prejudicar direitos já consolidados.


Cobranças por melhorias e obras: é permitido?


Nos últimos anos, têm surgido situações em que clubes instituem novas taxas, com a justificativa de financiar obras, ampliações ou melhorias em suas estruturas.


Essas decisões costumam ser tomadas em Assembleias Gerais Extraordinárias (AGEs). No entanto, é necessário observar:


  • Se os sócios foram devidamente convocados;

  • Qual era o quórum mínimo exigido para aprovação da taxa;

  • Se houve participação de sócios com direito a voto;

  • Se os termos do estatuto vigente à época da aquisição da cota foram respeitados.


Se o sócio remido não participou da deliberação, ou se o estatuto não previa esse tipo de cobrança, há forte argumento jurídico para contestar a obrigação.


O papel das empresas de cobrança


Em algumas situações, clubes contratam empresas terceirizadas para realizar a cobrança desses valores. Há relatos de práticas consideradas abusivas, como:


  • Ameaça de negativação do nome em órgãos de proteção ao crédito;

  • Condição de pagamento da dívida para permitir o cancelamento da cota;

  • Contato frequente, insistente e constrangedor.


É importante lembrar que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) se aplica à relação entre o associado e o clube, e protege contra cobranças indevidas ou abusivas.


Cobrança indevida de clube para sócio remido: Como agir diante de cobranças indevidas


Se você é sócio remido e está recebendo cobranças, o ideal é reunir toda a documentação que comprove sua condição: contrato de aquisição, estatuto da época, comprovantes de pagamento (ou da isenção).


Com isso em mãos, é possível buscar:


  1. Declaração de nulidade da cobrança;

  2. Rescisão do contrato com devolução proporcional do valor da cota, caso haja descumprimento das condições originais;

  3. Indenização por danos morais, quando houver constrangimento ou ameaça indevida;

  4. Tutela de urgência judicial para evitar a inscrição do nome do sócio em cadastros de inadimplentes.


Também é possível solicitar a inversão do ônus da prova, prevista no CDC, para que o clube apresente documentos comprobatórios da legalidade da cobrança.


Há decisões judiciais favoráveis?


Sim. Diversos tribunais estaduais já reconheceram o direito de sócios remidos à isenção de taxas, especialmente quando há cláusulas específicas garantindo esse benefício.


Também há decisões que anulam assembleias realizadas sem a convocação adequada ou que desrespeitam os quóruns mínimos previstos no estatuto.


Cada caso deve ser analisado individualmente, à luz dos documentos e circunstâncias concretas.


Conclusão


Se você se encontra nessa situação, o primeiro passo é buscar orientação jurídica. Um advogado poderá analisar seus documentos, esclarecer seus direitos e, se necessário, propor medidas judiciais para proteger seu patrimônio e sua tranquilidade.

Em caso de dúvidas sobre o tema, você pode entrar em contato conosco por meio dos canais oficiais disponíveis neste site. Nossa equipe está à disposição para fornecer orientações jurídicas adequadas ao seu caso, com seriedade e respeito às normas da advocacia.


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